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O papagaio judeu
Esta é a história de Meyer, um judeu nova-iorquino, viúvo solitário que, um dia, andava pela Delancey St, desejando que algo de bom acontecesse na sua vida. Naquele instante, ele passou por uma pet store e ouviu uma voz estridente de papagaio gritando em ídishe.
O pobre Meyer não podia acreditar nos seus ouvidos. Aquele papagaio falava um ídishe perfeito!
Após alguns segundos, Meyer já tinha largado quinhentos dólares no balcão e levava o papagaio na sua gaiola para casa.
Ele passou a noite toda falando com o papagaio, em iídishe.
Um dia, na manhã de Rosh Hashaná (Ano Novo), Meyer se levantou e se vestiu todo bonito para ir à sinagoga. Quando ele estava para sair, o papagaio exigiu ir junto. Meyer tentou explicar que a sinagoga não era lugar para um pássaro, que ele não podia levá-lo, mas tanto o bicho insistiu e com argumentos tão complexos, embasados nas Leis, que no final Meyer acabou levendo o pássaro no seu ombro.
Como é de se supor, foi um espetáculo na sinagoga. Todo mundo queria saber o que Meyer estava fazendo com um papagaio.
Eles não permitiram de modo algum que o bicho entrasse. Mas Meyer implorou, só dessa vez, que eles veriam como o seu papagaio podia rezar.
Até apostas foram feitas, milhares de dólares, como o papagaio jamais iria rezar em iídishe.
Em suma, armou-se uma tremenda confusão.
Todos os olhos estavam no papagaio durante os serviços. Enquanto isso, o papagaio, quieto no ombro do Meyer, não soltavaum pio. Meyer começou a ficar nervoso, primeiro falando baixinho, depois batendo no bicho para ver se ele rezava, e nada – nem um pio. Já meio desesperado, Meyer implorou:
– Por favor, meu papagaiozinho estimado, reza, reza como combinamos.
Mas nada. O papagaio sequer piava. Passaram-se todas as rezas, os serviços terminaram, e nada de o bicho sequer abrir o bico. As pessoas começaram a dizer:
– Eu acho que o teu papagaio é mudo. Inventaste esta mentira de que ele falava iídishe.
E assim, ao anoitecer, Meyer descobriu que devia para os seus amigos na sinagoga a soma de quatro mil dólares! Ele voltou para casa indignado e carrancudo, sem dizer absolutamente nada para o bicho. E eis que, depois de algumas quadras andando cabisbaixo, o papagaio começou a entoar, lindamente, uma velha canção iídishe, cantarolando alegre como se estivesse enamorado. Naquele momento, Meyer, meio que indignado, parou, olhou feio para o papagaio e explodiu:
– Explique-me o porquê. Por quê? Por que fazer isso justo comigo?
O papagaio, com um sorriso maroto, respondeu:
– Meyer, não seja um babaca, pense em como vão estar as nossas chances nas apostas de Yom Kipur! (Dia do Perdão, dez dias depois)!
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